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Zabumba Morena no 21 Bar e Lazer |
Ontem (sexta-feira, 19/10) eu acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado... mentira, a vontade foi de fazer um furo na orelha. Dizem por aí que tem uma certa idade para um homem fazer o primeiro furo, passou dessa certa idade já não dá, já era. Também tem uma convenção entre as pessoas mortais sobre qual orelha furar (a esquerda ou a direita, no caso de quem quer só uma). Coisas de quem não escreve e precisa contar histórias. Eu resolvi furar a minha orelha nessa minha certa idade, e fui. Fui à Galeria Dona Neta, no estúdio da Tradicional Tattoo, onde fiz duas das minhas tatuagens, e conheci a Nana Almeida, uma menina mulher toda trabalhada na tatuagem, de personalidade marcante e enfeitada com uma camiseta do Batman (meus amigos entenderão que ela me conquistou só com a camiseta).
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Nana Almeida, Tradicional Tattoo |
Além da camiseta Nana me conquistou pela cabeça, para ela o impossível é uma questão de opinião, e a opinião dela faz de tudo completamente plausível e possível de realização. Vale a pena passar lá, mesmo que você não queira furar nada, só pra tomar um tereré com ela e perder o medo de viver.
No começo da noite eu fui conhecer o Birô Brasileiro, casa aconchegante, de boa energia e samba cativante. Fui sozinho, mas sozinho não fiquei, acompanhei a banda, o vai e vem dos garçons, de um casal de dançarinos encantadores, os fumantes que iam e viam da mesa para área aberta, de onde podia se observar a lua linda, sorrindo ao nos ver embalados pelo samba.
Conversei com o produtor e com a dona da casa, mas quando eu encontrei minha amiga Júlia Miranda e sua amiga (minha nova, por tabela) Thierre Mônaco (corumbaense), que frequentam a casa e são apaixonadas pela energia do lugar, eu resolvi que, eu, numa única noite, era incompetente para falar sobre a grandeza do Birô. Há algo de histórico, não compreende apenas os amores da alma, a harmonia das vozes, a vibração dos instrumentos, é maior que isso, parte do material, conquista a mente e embala o espírito. Deste modo, as novas parceiras do blog, Júlia e Thierre, como apropriadas jornalistas que são, escreverão sobre suas experiências no Birô Brasileiro, um espaço de samba de boa qualidade que abre as portas todas as sextas-feiras a partir das 19h, na Rua Barão do Rio Branco, 173. Na noite em que visitei (que infelizmente não pude ficar inteira) eu tive o prazer de ouvir alguns compositores campo-grandenses, entre eles João Paulo Pereira, Rodrigo Guigz e Vinil Moraes. Logo mais o texto completo sobre o Birô.
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Júlia Miranda e Thierre Mônaco |
Na mesma noite eu aproveitei para curtir um blues de garagem no Rota 16, quando cheguei quem dominava o ritmo era a Aline Calixto, aquele corpo de menina que serve de abrigo para uma grande mulher, artista. Uma moça feita para o palco, para a música, para o teatro, com ela uma banda sensacionalmente bem preparada, pronta para cativar os amantes bluseiros, que, aliás, é um público que tem características místicas, do tipo de pessoas que você não encontrará em outro lugar, não toparia num shopping, praça ou galeria, é uma gente bonita e de personalidade bem definida, que aparece e esvaece de repente entre as 22h e as 23h59 de uma sexta-feira, na Avenida Rouxinol com a Rua Marquês de Lavradio, como se fosse mágica. Aparece lá, vamos curtir esse som e desaparecer a tempo de alguém sentir falta.
O samba não me abandonou naquela noite, felizmente (mesmo sendo amante do blues, mas como acabou cedo, eu tinha vida pela frente), fui conhecer, enfim, o popular (medo) 21 Bar e Lazer. Como cheguei relativamente tarde para a noite local (entre 2h10 e 2h30), a casa já estava vazia, peguei a última música da banda Sampri (por isso não posso falar muito sobre ela, além do fato de ser composta por gente muito linda: Magally Sampri, Renatinha Sampri e Luciana Sampri), preciso conhecê-las melhor. Mesmo tendo sido apenas acariciado pelo samba, o 21 permitiu que meu coração batesse no compasso da Zabumba Morena, ah, quanta paixão naquele forró! Até me atrevi ir pra pista com a Marina Pacheco e depois com a Farid Fahed, passar vergonha enquanto transmitíamos nossa felicidade em passos tortos, regidos por um ritmo alinhado.
Eu me diverti muito nessa sexta, voltarei, certamente, em todos esses lugares, só que desta vez chegarei no começo e sairei no final de cada festa, é necessário uma sexta-feira para cada casa (Birô, Rota e 21), viver uma experiência completa, mesmo que seja para seguir os místicos fãs do Rota depois da meia noite.
Até mais!
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EVERTON SOUZA
Publicitário, amante de música, poesia, café e bolachas de chopp. | @evertonssouza | facebook.com/evertonssouza