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A incrível vida e literatura de Jack Kerouac e Allen Ginsberg e as grandes adaptações cinematográficas

Allen Ginsberg e Jack Kerouac

Eu sou um eterno amante do Jack Kerouac e do Allen Ginsberg. Não fosse qualquer que seja a importância de eu ter descido nos anos 90, eu teria sido mais ousado se tivesse vivido no tempo de juventude deles, dos amantes beats, entre todas as suas aventuras poéticas, vinho barato, fumaça e viagens que deixaram como herança grandes obras literárias.

Jack Kerouac e Allen Ginsberg viveram o que foi conhecido como a Geração Beat. Eduardo Bueno apresenta como principais características do estilo beat: laudatório, verborrágico, impressionista, vertiginoso, incontido, espontâneo, repleto de sonoridades.

Sem preocuparem-se com a técnica, a crítica, ou as regras cagadas de comportamento social, a Geração Beat não se dava conta da importância do que escreviam, ocupavam-se em viver, e, vivendo o momento registravam suas histórias em prosa ou poesia.

Trocando favores ou vendendo para viver novas aventuras Jack Kerouac construiu sua obra literária na estrada e mais tarde recusou o título de “pai da geração beat”.

Normalmente é assim que as coisas mais interessantes acontecem, os gênios não se importam com a sua própria grandeza, querem apenas deixar a suas mensagens, libertar suas almas das angústias através de sua escrita, seu desabafo. 

Jack Kerouac é conhecido hoje no Brasil pelo filme On the road (na Estrada) que no cinema estreou sob o brilho do ilustríssimo Walter Salles (aquele de Central do Brasil, e, Diários de Motociclista). O filme é sem dúvida uma grande produção, mas o mérito deste texto é para a obra literária do Kerouac.


On the road (Na Estrada) o livro: é uma louca leitura corrida e ousada (o manuscrito original apresenta uma forte característica do autor, que ignora pontuações e cortes apresentando assim a velocidade da sua mente, da sua vida) sobre anos de idas e vindas pelos EUA e México, numa época que, segundo o autor, pessoas interessantes dançavam pelas ruas como peões frenéticos e ele se arrastava na mesma direção, sempre rastejando atrás de pessoas que o interessavam, e eram por regra loucos, loucos para viver, para falar, para serem salvos. O livro prova, sem querer, quão insignificantes somos nós na maior parte do tempo, e dá até depressão, um desejo de partir, se entregar aos desejos mais simples da existência, ser livre de qualquer medo e visitar as vielas de Denver e Frisco. Mas não é tão simples assim, Jack Kerouac não teve um final tão feliz na vida real, mesmo com todas as suas aventuras, e seus 23 livros em 47 anos de vida. Existem muitas lendas e especulações sobre esta obra, e vale a pena cada palavra lida sobre o assunto nas introduções em cada edição de coletâneas das editoras destas terras tupiniquins. 

Como vagabundo iluminado no seu livro Os vagabundos iluminados Kerouac sem dúvida mostra outro momento da sua mente, nesta busca pela verdade e pela iluminação vividas pelos personagens, é possível identificar-se em diversos momentos da vida, e nos desperta, novamente, para a necessidade de se desconectar das amarras, isolar a mente do mundo contemporâneo e encarar por algum tempo a sua jornada na subida do Pico Desolation (a procura por si), a solidão e identificação do que é, de fato, a iluminação, zen-budista ou não. 

Viajando solitário, na obra Viajante Solitário, Jack conta mais sobre suas viagens pelo mundo, e destas três obras que li dele é, em minha opinião, a que merece um parágrafo menor. São idas, vindas, muito vinho barato e muito, muito, muito (mesmo) trens. 

A segunda grande paixão da minha vida, e grande paixão, ou não, de Kerouac, é o Allen Ginsberg, ele viveu infinitas aventuras ao lado do Jack, Neal Cassady (o herói, ou anti-herói, como preferirem, de todas essas histórias), registradas em On the road.
Na herança de Ginsberg os registros dessas aventuras foram gritados em Howl (O Uivo), o extasiante texto que é recitado por James Franco no papel de Allen Ginsberg no filme Howl (2010).

Howl apresenta fielmente, impressionantemente, o perfil e prazeres da geração deles, a Geração Beat. Ginsberg tem uma grande carga literária e cultural que influenciam suas obras, e cada frase/verso de Kaddish empolga, traz um balde conexões e reflexões e, diante desse vômito furioso de desabafo, você se pergunta se todas essas publicações modernas de insatisfação ou narrações de prazeres que costumamos propagar em redes sociais são dignas de audiência, de verdade. 

Sobre a Geração Beat existe muito mais coisa entre o que podemos ler em suas obras e as especulações dos fãs do que é capaz de compreender nossa simples filosofia, em todo caso, quem se interessar e quiser pesquisar mais sobre esses caras e suas conexões, ou quem quiser compartilhar mais ensaios sobre as leituras de seus legados, como eu costumo dizer: toda experiência compartilhada é válida.


Bônus: Ainda sobre eles há outro filme, Kill your darllings (Versos de um crime), 2013, estreado pelo Daniel Radcliffe, mas eu falarei dos filmes noutra oportunidade.



Everton Souza

Everton Souza

Freelancer Sem Fronteiras. Tecnologia do Blogger.