A cultura do compartilhamento tem ganhado destaque no mundo. Muito além de um simples “share buttom” nas redes sociais, trocar produtos e serviços tem se tornado praticamente um modelo de negócios para quem aposta em contra cultura. O termo trading – do inglês escambo, troca, permuta, etc – acompanha profissionais que buscam novas experiências sem se importar tanto com dinheiro.
Quem me inspirou a praticar trading pela
primeira vez foi o fotógrafo australiano Shantanu Starick que viajou
o mundo trocando serviços fotográficos por moradia, hospedagem, alimentação
e o transporte de um local para o outro.
Nesse vídeo,
o australiano explica suas reais motivações e como funciona o The Pixel Trade – seu projeto de trocas. No
final, ele motiva os ouvintes a buscarem seus próprios meios para fazer algo
parecido dentro de cada realidade.
“Sensacional!”, pensei. Era exatamente tudo
que eu queria. Lendo o Não Catalogado vi uma análise sobre o documentário
estadunidense Craiglist
Joe (disponível no Netflix). A grande questão da mudança dos padrões e
expectativas dos jovens dos EUA é muito bem abordada na obra. Desde o boom
imobiliário de 2008 o ideal da moçada tende mais para ter experiências como
viagens do que bens materiais, como carros e casas.
Fiquei extremamente tentado a fazer algo similar. Meu plano era viajar e ter novas relações com os clientes -- excluindo a figura "dinheiro" e fortalecendo laços entre as pessoas. É mais fácil do que parece e realmente proporciona ótimas experiências. Aprendi muito profissionalmente mas percebi outras coisas – já que sou fotógrafo fora do eixo Rio-SP em um país onde a arte não é tão valorizada.
Fiquei extremamente tentado a fazer algo similar. Meu plano era viajar e ter novas relações com os clientes -- excluindo a figura "dinheiro" e fortalecendo laços entre as pessoas. É mais fácil do que parece e realmente proporciona ótimas experiências. Aprendi muito profissionalmente mas percebi outras coisas – já que sou fotógrafo fora do eixo Rio-SP em um país onde a arte não é tão valorizada.
Tudo
é Sobre Confiança
Consegui mais indicações para viajar e
ficar em lugares legais do que esperava. Mas o mais rentável foi perceber que
tudo se estabelece por relações de confiança. Uma pessoa que confia no meu
trabalho indica para outro – que por sua vez aceita por confiar na pessoa que
indicou. É uma reação em cadeia sensacional.
Evidente que o mercado de trabalho pode funcionar exatamente igual. Perceber a raiz disso no dia-a-dia me fez ter
outra visão dos meus clientes – que hoje vejo como amigos.
Dinheiro
É Importante
Um dos motivos de Cartier-Bresson ter se tornado um grande
fotógrafo foi a influência de um amigo crítico de arte. Em O Olhar do Século, o biografista Assouline sintetiza no trecho: "Cartier-Bresson ouve com atenção o novo amigo, quando este o faz ver que deveria levar o dinheiro a sério, pois as pessoas só o levariam a sério quando suas fotos rendessem dinheiro."
Isso era verdade no século passado, e é
especialmente real no Brasil de hoje. Longe da ideia bem difundida de que
tudo que precisamos é dinheiro, o fato aqui é como mostrar valor às sua fotos.
Tentei trocar os móveis
para sala de estar e percebi como ainda precisamos amadurecer o trading no
Brasil.
Amigos e negócios à parte
O ditado é bem claro, evite misturar
amizade com negócios. Mas tratar um cliente como um amigo é um ótimo approach. Fazê-lo
se sentir bem de forma sincera é cativante, só não confunda as coisas. Amigos
tem um certo grau de liberdade e misturar isso profissionalmente pode lhe
gerar problemas.
Em um trading, o contratante/amigo fica
sentimentalmente muito próximo de você. Não deixe isso atrapalhar as relações
de trabalho, como prazos, metas e principalmente os resultados – ou no final,
você pode acabar perdendo o trabalho e o amigo. Essa proximidade toda pode ser ideal para descobrir e resolver o real problema e melhorar seu serviço. Tenha isso em mente.
Explore seus limites
Encontrei um limite no meu trading e isso
foi ótimo. Percebi que viajar demais atrapalha outros negócios então limitei os tradings por ano. Descubra o quê funciona ou não para você mas principalmente,
descubra seu objetivo. Eu quis provar que é possível viajar, conhecer lugares,
pessoas e ter experiências sem gastar um centavo. O que você quer? Tenha em
mente e se arrisque! Na pior das hipóteses, você terá ótimas histórias pra
contar.