Moonrise Kingdom
(2012, Wes Anderson) apresenta a história de um casal de adolescentes de 12
anos que se apaixona à primeira vista. Começam a trocar cartas e se identificam
nas suas excentricidades diante dos outros.
Veem-se
como o problema da casa, incompreendidos, e resolvem fugir para viver uma
aventura juntos.
No
melhor estilo Into the wild, eles se
aventuram numa trilha. Ele com os conhecimentos de escoteiro, ela com a coragem
típica de uma garota com tendências à violência.
Moonrise Kingdom
é rico em detalhes e deixa claro o consumo de arte desse jovem casal que está
descobrindo o amor e quer vivê-lo da maneira mais pura e bela possível.
Ela
amante de leitura, carrega na tralha
de fuga uma mala grande, a maior dela, cheia de livros, todos os que aguentou carregar, ainda trouxe consigo uma vitrola portátil e seu vinil predileto.
Ele
apaixonado por cartografia, artista nato com sensibilidade para pintura, e até artesanato.
No
romance, a descoberta do beijo, da
excitação, a poesia desse momento,
da confidência, o toque, a dança, a biodança.
A
película é sem dúvida rica de elementos que relacionam sensibilidade com paixão,
que por sua vez está ligada à percepção
artística. Como em Vicky Cristina
Barcelona, mas numa versão mais leve, singela.
Tem
ainda o relacionamento entre famílias com pais sem amor, o casal que se ama mas
não pode ficar junto, a vida de solteiros, um que ainda não encontrou o amor,
outro que não pode viver o seu, a vida de órfão incompreendido, o sistema de
serviço social que vê a criança como uma pasta/arquivo.
Em
Moonrise Kingdom existem milhares de
elementos que fazem crítica ou alusões à inúmeras situações que são complicadas apenas pela preguiça de
simplificarmos, e nossos protagonistas mostram isso o tempo todo: basta ser
simples e fazer.
“Estamos
apaixonados. Queremos ficar juntos. O que há de errado nisso?” - Suzy Bishop
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EVERTON SOUZA
Publicitário, amante de música, poesia, café e bolachas de chopp.